ype="applica Quem Tem Medo do Lobo Mau?: September 2007

Thursday, September 27, 2007

108

And counting.

O título não tem nada a ver com o Lost, nem com os 108 minutos que o Desmond tinha para escrever o código no computador e premir a tecla executar, mas achei piada fazer a ligação.

A Bélgica está há 108 dias sem governo. Continua a parecer que não se passa nada, com excepcão do aumento do número de bandeiras belgas nas janelas. Bruxelas está mais preta, amarela e vermelha. No entanto, isto não é nada que se compare à febre verde e vermelha nas casas portuguesas por alturas do Euro 2004.

Para quem, como eu, só agora está a comecar a perceber a complexidade disto tudo, artigos como este explicam muita coisa sobre as visões de flamengos e francófonos.

A Bélgica existe? Bom, eu estou cá a viver e ela parece-me existir. Mas também e verdade que estou numa cidade de imigrantes bastante melting pot, onde se fala francês e neerlandês mas também inglês, espanhol, alemão, italiano, português e muito mais. Dizem que Bruxelas é que está precisamente a manter isto tudo no sítio. Mas para lá dos limites desta bolha colorida, as coisas são bastante mais a preto e branco. E se de um lado existe uma Bélgica, passando a fronteira existe outra completamente diferente.

O que quer que venha a acontecer, comeco a achar que este país está mesmo a precisar de alguém que insira a formula mágica e carregue no botão executar.

Alguém tem o número de telefone do John Locke?

Monday, September 24, 2007

A isto sim, já podemos chamar “dia sem carros”

Não estou a falar de duas ou três ruas no centro cortadas ao trânsito, mas de uma cidade inteira tomada de assalto por bicicletas, patins e pés.

E sem grande perigo de levar com autocarros, eléctricos ou táxis em cima: para estes era proibido circular a mais de 30 km/h.

Até o tempo ajudou, com mais um fim-de-semana de Verão. Pelas minhas contas já vamos em três desde Julho.

Tudo isto já foi um espectáculo giro, mas ainda ficou melhor quando avistei um ciclista montado numa coisa destas:

Thursday, September 20, 2007

A todos os que me fazem a pergunta das couves

Hoje vi couves de Bruxelas no supermercado. Pronto, é que ainda não tinha visto.

Os flamengos que conheço é que ainda não estão muito convencidos de terem um queijo só deles na língua portuguesa.

Thursday, September 13, 2007

Já me tinha esquecido porque é que não gostava de futebol

Ainda assim, gostei de levar belgas ao restaurante português e de cantar a "Maria Albertina" que passou no intervalo do jogo.

Saturday, September 08, 2007

E não podem pedir ao Tintin para resolver isto?

Este país está sem governo desde meados de Junho e ninguém parece dar muita importância a isso. O flamengo Yves Leterme, o mesmo que andou a cantar o hino francês aos jornalistas, devia ter-se tornado primeiro-ministro e formado governo. Leterme queria fazer uma série de reformas estatais, mas a Valónia, a parte francófona do país, não esteve pelos ajustes. Há décadas que a Bélgica é governada por políticos da Flandres e os valões estão a perder a paciência. Depois de semanas de negociações entre os vários partidos (e eles são muitos) sem que se fosse a lado nenhum, Leterme resignou ao cargo e deixou a trapalhada para o rei resolver.

Imaginei logo o desastre que seria se também fôssemos uma monarquia e o Duque de Bragança fosse chamado a resolver uma coisa destas.

O caos instalou-se? O país está inoperacional? Os flamengos e os valões andam a esfolar-se uns aos outros?

Nem por isso. A verdade é que as ruas continuam calmas, e, como é habitual por cá, parece que não se passa nada. Ainda não percebi muito bem se as pessoas são relaxadas ou indiferentes.

O que acho é que isto, para eles, não é nada. Com três línguas oficiais (e alguns dialetos pelo meio), duas culturas, duas televisões nacionais, dois sistemas de educação, cinco parlamentos (não me perguntem) e um monte de organizações internacionais a povoar Bruxelas, percebo que este tipo de coisas seja normal.

Como se já não bastasse haver um país com dois povos que literalmente não se falam nem se misturam, num dos canais de televisão flamengos também há um programa em que as várias regiões da Flandres competem entre si para ver qual é a melhor.

Não me levem a mal: é claro que um país famoso por chocolate e que me fez gostar de cerveja (mas só da de cereja) só pode ser um bom país. Só os acho um bocadinho complicados.