Depois de um dia como hoje, a Europa deixa de ter autoridade para falar da América com paternalismo.

Por aqui não temos políticos com aquela força, proximidade, carisma, vontade de realmente mudar. Neste momento não temos políticos que dêem tanta esperança às pessoas.

Também não temos discursos inspiradores que vão ficar na história e não conseguimos juntar 2 milhões de pessoas para assistir ao vivo a uma cerimónia de posse.

Nem pôr o mundo inteiro colado à televisão ou ao ecrã do computador. Hoje no Matongé, o bairro africano de Bruxelas que fica no meu caminho de casa, reparei que os comerciantes paravam para assistir a tudo na tv e ostentavam orgulhosos cartazes de Obama nas vitrinas.

Já agora, quase nunca vejo negros nos corredores de Bruxelas.

Acredito que as histórias de esperança, do sonho americano, a ideia de que tudo é possível que vemos nos filmes de Hollywood, não são feitas só porque sim, para entreter, mas porque o povo americano acredita mesmo que tudo é possível. E nos momentos de desespero sabe como ninguém unir-se e dar a volta por cima.

A América tem muitos podres, já os vimos todos nos longos anos do Bush e nos filmes do Michael Moore. Mas hoje a América deu-nos uma grande lição.

Mais uma vez, bem-vinda de volta.