Por momentos imaginei o Kramer a trepar o Átomo

Não sei se dá para ver, mas o senhor da foto, no meio de pessoas a pedir autógrafos e árvores de Natal às riscas amarelas e pretas, é Jerry Seinfeld. Gostava de ter uma imagem de melhor qualidade para vos mostrar, mas tive de me safar com o que tinha à mão: a câmara do meu telemóvel, que, há que lhe fazer justiça, até era jeitosinha aqui há uns cinco anos. Eu até gosto do aspecto vangoghiano das fotografias que o meu telefone tira. Mas é em alturas como esta, em que sou apanhada desprevenida com um Seinfeld e uma abelha gigante à minha frente, que penso: “devia ter sempre a máquina digital comigo”. E, logo a seguir, “até era capaz de dar jeito ter um telemóvel topo de gama”.

























Ora o Jerry Seinfeld esteve ontem em Bruxelas para apresentar a ante-estreia do Bee Movie e eu tomei conhecimento disso às cinco da tarde. “O Seinfeld está cá. Queres um bilhete?” O Seinfeld? O Jerry? “Sim, ele mesmo. Uma colega minha comprou dez bilhetes hoje e tenho aqui um a mais”. Comprou? Assim sem mais nem menos? Obviamente que quero um! Quanto custa? “Seis euros e pouco, é ao preço de um bilhete normal. E as bilheteiras ainda estão a vender”.

E foi tão simples quanto isto. Este tipo de coisas, somado ao facto de ter entrado mais ao menos ao mesmo tempo que a estrela e no meio da confusão ninguém me ter pedido o bilhete, faz-me gostar ainda mais desta cidade: onde à primeira vista nada acontece mas olhando bem tudo se passa, onde vejo os concertos que quero sem me preocupar com preços ou bilhetes esgotados, onde sem combinar nada encontro amigos em eventos com vinho grátis em institutos culturais húngaros ou dinamarqueses. “Esta cidade é inclusiva”. É mesmo. Agora que me vou embora por uns tempos, espero eu para regressar em breve, despeço-me lentamente, a saborear estas coisas.

Choveu o dia todo, pois choveu. Até acho que chove bastante mais do que aqui. Mas é a Bruxelas que quero voltar para o ano.

Resta dizer que Seinfeld chegou, foi aplaudido, disse uma ou outra graçola, agradeceu, parou para autógrafos e fotografias, e foi embora. E que o filme é engraçadito. Estava ainda ontem à tarde a ler este entusiasmado post do Há Vida em Markl e horas depois tinha a dois metros de mim o autor da série que era, bom, sobre nada. E no fim de contas sobre tudo, um pouco como esta cidade. É a isto que se chama uma coincidência do camandro?