Domingo pé de cachimbo...

O domingo ao final da tarde é uma coisa estranha. Ainda é fim-de-semana, mas já não é, porque já está a ficar de noite e amanhã é dia de trabalho. Há coisas a preparar. Não vou poder ficar a ler na cama até à hora do almoço. Não gosto de estar na rua no domingo ao final da tarde. Não gosto de ir ao cinema no domingo ao final da tarde porque não gosto de voltar para casa, sozinha, de transportes. O domingo ao final da tarde é triste. O domingo ao final da tarde é para gozar em casa, em sossego, em descanso, a aproveitar os últimas horas do fim-de-semana. A não ser que se tenha qualquer coisa de mais interessante para fazer, ou alguém mais interessante com quem passar aquelas horas estranhas, mas normalmente não tenho. O domingo ao princípio da noite é o pesadelo dos meninos que não fizeram os trabalhos de casa. Não se consegue aproveitar como deve ser porque se sabe o que vem a seguir. E o que vem a seguir não costuma ser bom. Vivo os domingos com a sensação de que não fiz o trabalho de casa. Não costumo jantar ao domingo. Costumo beber chá e comer torradas. Costumo ver séries de televisão. Costumo navegar na net. Já com o pijama vestido. Acho que tento enganar-me a mim própria. Sei que é uma liberdade falsa. Bom final de domingo.

... o cachimbo é de barro bate no jarro, o jarro é de ouro bate no touro, o touro é valente bate na gente, a gente é fraco cai no buraco, o buraco é fundo. Acabou-se o mundo.