Ten

Fiquei triste quando soube que o Dramático de Cascais tinha acabado de ser demolido, mais ou menos há um ano. Mas triste a sério, como se alguém tivesse roubado, sem direito, uma parte de mim. Nem sequer entrei lá muitas vezes, mas uma delas, em Novembro de 1996, marcou-me para a vida, como quase tudo o que significa muito na adolescência marca. Há dez anos atrás, ver os Pearl Jam naquele pavilhão parecia ser a coisa mais importante do mundo.

Era a coisa mais importante do mundo.

Ainda por cima tinha ido no primeiro dia, aquele em que Eddie Vedder subiu à coluna e fez o salto suicida. Gabávamo-nos disso, como se houvesse rivalidade entre os que tinham assistido ao primeiro concerto e os que tinham estado no segundo.

Na altura pensei que nunca mais os veria num palco. Depois a adolescência passou, mas eles continuaram a editar álbuns e a fazer digressões. Fiéis aos princípios, a si mesmos, com os pés assentes na terra. Dos gritos mudos da juventude aos olhares críticos ao mundo. Fico contente quando me dizem que admiram a integridade da banda, mesmo que não gostem da música.

Aquela primeira vez não se repetiu em 2000 e também não vai repetir-se agora. Nem nós nem eles somos os mesmos que éramos há dez anos.

É amanhã e na terça-feira.